domingo, 1 de março de 2009

OS TECEDORES

Durante o desenvolvimento intra-uterino, os neurônios, formadores do cérebro, crescem na razão de centenas de milhares por minuto (Mora, 1990). A teia dendrítica alcança quase um trilhão de conexões. A estes dados temos de adicionar que a plasticidade do cérebro nos indica que essas conexões não são fixas, mas podem ser modificadas ao longo da vida, como resultado da interação entre programa genético e o meio ambiente; afetivo e cultural (Moraes, 2004).
É possível que a aprendizagem promova as conexões permitindo a essa teia dendrítica uma aumento considerável das interconexões nervosas.
No campo da biologia evolutiva surge uma nova perspectiva com relação à teoria de Darwin, que se configura na Árvore da Vida. No entanto, outras possibilidades são apresentadas, como uma nova configuração para a evolução: A Teia da Vida.
Os vírus, novos protagonistas da odisséia evolutiva, são os tecedores da teia, transferindo segmentos de DNA de uma espécie à outra.
Como isso seria possível?
Uma pesquisa identificou o mesmo trecho de DNA em espécies tão distantes como ratos, morcegos gambás, lagartos e sapos. Essa distribuição aleatória sugere que aquela seqüência de DNA entrou em cada genoma de forma independente. A única forma para que isso ocorresse, seria por meio de um agente capaz de saltar de uma espécie para outra, invadindo o DNA do novo hospedeiro. O principal suspeito é o vírus. Mas se os vírus transferem genes entre espécies de ramos distintos, interligando-os, então a árvore da vida, imaginada por Darwin, sofreria alterações significativas. “A historia da vida não pode ser representada como arvore”, diz o bioquímico W. Ford Doolittle. Surgiu, então, uma nova representação. A arvore da vida deu lugar a uma teia: A Teia da Vida.
Dessa forma, é possível concluir que os vírus proporcionam novas combinações, permitindo uma considerável variação no patrimônio genético das espécies.
Diante dessas informações, gostaria de fazer uma analogia entre a aprendizagem e os tecedores da vida, os vírus. Reforçando essa consideração na teoria dos fractais do matemático francês Benoit Mandelbrot que diz: A parte está no todo e o todo está na parte. A partir dessa compreensão, é possível refletir sobre a aprendizagem como a tecedora das conexões nervosas, abrindo novas possibilidades para a evolução humana.

FREIRE, M; Luzinany Euzébio

sábado, 28 de fevereiro de 2009

PROBLEMATIZANDO O ENSINO DA CIÊNCIA

O desafio é como trabalhar em nossas escolas o pensamento sistêmico, no ensino da ciência da natureza com a estrutura de ensino que temos hoje. Além disso, temos ainda educadores inflexíveis, que consideram eficientes os antigos paradigmas.
Definitivamente, situar os saberes em um contexto, torna-se um grande desafio para o ensino no despertar do terceiro milênio. O conhecimento da ciência da natureza, de uma maneira geral, tem como mérito ampliar nossa capacidade de compreender e atuar no mundo em que vivemos. Na realidade das nossas escolas, o ensino da ciência oferece aos nossos estudantes oportunidade de reflexão e ação? As formas como são organizados os conteúdos das disciplinas, ainda compartimentadas, permitem aos estudantes posicionar-se diante de fatos e fenômenos novos? É possível que o ensino de ciências da natureza num enfoque sistêmico, possa alcançar esse objetivo se tiver vinculado a situações cotidianas, nas quais o estudante esteja convidado a aprender e problematizar situações aparentemente inquestionáveis e a aceitar diferentes maneiras de entender o mundo.
Partindo da hipótese, que o objetivo do ensino da ciência é a vida, e que enfatiza a concepção dos organismos vivos como totalidades integradas, idéia central do novo paradigma direciona-se para uma visão ecológica, concebendo o mundo como um todo.
É possível que buscando um pensamento organizador do todo e suas partes estaremos desenvolvendo uma compreensão contextual e complexa que respeita a inseparabilidade entre qualquer fenômeno e seu contexto e deste com os contextos nos quais estão inseridos. Para tanto começa a emergir a necessidade de visões holísticas para perceber a profunda interdependência entre os seres vivos e os demais elementos do ambiente, e ainda relacionar as características do ambiente natural e cultural com a qualidade de vida.
Apoiados nesses novos paradigmas, que consistem em considerar o contexto e as complexidades inerentes aos processos psicossociais influenciadores das condutas humanas, é que se desenvolveu uma teoria que procura dar conta das relações, ao invés das entidades isoladas, valorizando todos elementos dessa relação de forma igualitária. Sendo, então, definido como pensamento sistêmico. Sugerir uma proposta de reformulação na organização do currículo de ciência da natureza, com base na alfabetização em ciências, é fundamental, por incorporar inúmeras dimensões e incluir as relações entre ciência e tecnologia. Em conjunto, as competências cientificas estão situadas numa visão sistêmica. Certamente esta proposta contribuirá para que os estudantes compreendam melhor o mundo e suas transformações, possam agir de forma responsável em relação ao meio ambiente e aos seus semelhantes e reflitam sobre as questões éticas que estão implícitas nas relações entre ciência e sociedade. Nesse processo, o papel do educador é fundamental. Sua atitude é sempre uma referência para os estudantes: a consideração das múltiplas opniões, a persistência na busca de informações, a valorização da vida e o respeito às individualidades serão observados e servirão de exemplo na formação do estudante. (FREIRE, M. Luzivany)